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quinta-feira, 30 de abril de 2020

O método inovador dedicado à desinfeção de superfícies

             Nos dias de hoje, todas as indústrias dedicam-se ao combate do problema que atua no “palco do mundo”: o coronavírus. 
             Observam-se diversas empresas que acreditavam que o teletrabalho era uma realidade atualmente impossível. No entanto viram-se forçadas a tal, e a situação aparenta desenvolver-se melhor do que o que todos pensavam. Analogamente, diversas indústrias que trabalhavam na produção de cotonetes alteraram a produção para zaragatoas. Uma grande parte da indústria têxtil direcionou, também, os seus esforços para o fabrico de material de proteção individual contra a dissipação do vírus. 



             Do mesmo modo, outras indústrias como a UV Light Technology (uma empresa de lâmpadas UV) descobriu que era possível desinfetar espaços com este tipo de radiação. 
             A China mostrou-se pioneira na aplicação deste método nos autocarros. O autocarro é inserido numa sala com lâmpadas UV e em menos de 5 min uma área de 23 m2 é totalmente desinfetada. Para além disso diversos bancos já utilizam este método para esterilizar o dinheiro, tal como os hospitais para desinfetar zonas potencialmente infetadas.

Para compreendermos melhor a aplicabilidade dos raios UV no combate a germes, é fundamental compreendermos que a radiação ultravioleta se divide em 3 tipos:

  • UVA


 Esta radiação é responsável pelo bronzeamento de pele.

  • UVB

Este tipo de radiação UV consegue atingir a derme e é responsável pelas  queimaduras, produção de vitamina C e aumento de risco de cancro da pele. Ainda assim, a radiação UVB proveniente do Sol é maioritariamente absorvida na nossa atmosfera.

  • UVC


A radiação UVC é bastante nociva ao corpo humano e pode ser usada como um germicida. No entanto, esta é totalmente absorvida pela atmosfera através do oxigénio e do ozono.

             Assim, a aplicação da radiação (entre 240 a 280 nm) em superfícies traduz-se num dos métodos mais eficazes na desinfeção das mesmas. A radiação UVC penetra na estrutura molecular distorcendo a mesma, e consequentemente impedindo-a de se reproduzir. No entanto este método não deve ser aplicado de qualquer forma porque estas lâmpadas são capazes de provocar queimaduras bastante graves. Logo ao contrário do que o presidente do EUA afirmou este tipo de radiação não pode ser utilizado no tratamento dos infetados por este vírus. É de notar, ainda, que outro dos contratempos deste método assenta no alto preço destas lâmpadas que custa até 90 mil euros.
Finalmente a grande questão que se impõe é se o calor será capaz de matar este vírus. Diversos estudos afirmam que irá ajudar no combate ao mesmo, mas que não irá acabar por completo com a existência do mesmo.


Foto: Getty Images

O que se conclui?


             Conclui-se assim que todas as indústrias investem cada vez mais para conseguir adaptar-se, tanto ao que o mercado exige, como a todas as dificuldades impostas, traduzindo-se num desenvolvimento forçado.


Obrigado,
Rodrigo Santos

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Kim Jong-un morreu?

Desde o início de Abril que o líder supremo da Coreia do Norte, Kim Jong-un não faz uma aparição em público o que suscitou desconfiança por parte do resto do mundo com um hipotético falecimento.
Na semana passada, uma fonte oficiosa da Coreia do Sul revelou que Kim estaria a recuperar de uma intervenção cirúrgica ao coração, esta realizada a 12 de abril.
As suspeitas da sua morte crescem ainda mais quando falta ao 108º aniversário do nascimento do seu avô, Kim Il-Sung, o fundador do regime a 15 de abril.


Portanto Kim Jong-Un está morto?


             O tabloide de notícias de celebridades TMZ, baseado em fontes da China e do Japão, afirma que Kim está morto, porém diz que as suas fontes não são oficiais. Portanto poderão ser mera especulação.
             No último sábado a Reuters noticia que a China enviou uma equipa médica à Coreia do Norte com vista a auxiliar o líder supremo, no entanto não existe qualquer informação com detalhes do que ações iriam fazer.
             Muitos mais meios de comunicação se pronunciaram, em Hong Kong surgiu a notícia que Kim Jong-un estaria em estado vegetativo.


Quando foi visto pela última vez?


             Kim Jong-Un foi visto em público pela última vez a 12 de abril num campo a analisar um treino militar.
             O grupo de pesquisa que monitoriza os movimentos dentro da Coreia do Norte apresenta provas que Kim Jong-un visitou o complexo de Wonsan, uma zona de resorts na costa este da península. O comboio oficial do governo foi avistado como podem ver na publicação abaixo:



Esta não é a primeira vez que o líder da Coreia do Norte desaparece em público. Em 2014, ficou 1 mês sem aparecer em público após uma operação ao tornozelo.


Reação dos Estados Unidos e Coreia do Sul 


             Os Estados Unidos, através dos seus sistemas de informação estão a par do estado de saúde de Kim Jong-un e, até ao momento, não possuem qualquer informação sobre a eventual morte.
             A vizinha Coreia do Sul, começou por tentar amenizar o clima de suspeição dizendo que não possui qualquer prova concreta que Kim esteja morto. No passado domingo, o conselheiro da presidência para as Relações Exteriores e Segurança Nacional da Coreia do Sul, Moon Chung-in, afirmou que o líder da Coreia do Norte está vivo.


Com tanta especulação, surgem diversas questões, a maior sem dúvida alguma é acerca da crise de sucessão.


Quem assume o regime se Kim Jong-Un morrer?


             As questões da sucessão num regime como a Coreia do Norte nunca são suficientemente explicitas.
             Peritos acreditam que uma possível incapacidade para liderar o país ou a morte de Kim fará com a sua sua esposa, Ri Sol Ju, suba ao poder. Porém, a hipótese do seu fiel braço direito, a sua irmã Kim Yo Jong também é bastante forte, esta que foi sempre promovida pelo líder ao longo dos anos.
             De reter que apesar de uma possível mudança de liderança as atuais políticas dificilmente serão alteradas e a Coreia do Norte permanecerá no seu rumo atual até que haja uma mudança radical.

A seguir, recomendo um vídeo muito interessante, feito pelo New York Times, que ajuda a perceber um pouco desta situação. 
Fala sobre como os países tentam ao máximo localizar o líder da Coreia do Norte e as técnicas que o regime leva a cabo para tentar com não seja detetado. 



Obrigado e até breve,
Daniel Branco

terça-feira, 28 de abril de 2020

Como a Alemanha conseguiu atenuar os efeitos do coronavírus?

Nos últimos tempos, muito se tem falado sobre o novo coronavírus, e sobre os perigos que este representa para a nossa saúde. Muitos países têm adotado medidas repentinas para conter este surto da melhor maneira possível, fazendo todos os esforços, no entanto, em alguns deles as medidas têm se tornado um fracasso, enquanto noutros, um verdadeiro sucesso. Um dos exemplos de maior eficácia vem do Norte da Europa, mais precisamente da Alemanha. 
Eis aqui alguns dos motivos que permitiram à Alemanha, controlar eficazmente este epidemia.


Testes, testes e mais testes


A realização de um grande número de testes é um dos fatores que mais tem permitido controlar a epidemia eficazmente, tendo já sido adotado em muitos outros países, como a Coreia do Sul, ou a República Checa.

O facto de se conseguir testar um grande número de pessoas num curto espaço de tempo permite a identificação prévia dos infetados, levando também a um isolamento mais antecipado, que permite evitar uma maior propagação do vírus. 

No entanto, estes métodos apenas são acessíveis em países bem desenvolvidos como é o caso da Alemanha, já que a compra de um grande número de testes pode tornar-se bastante dispendioso, e muitas vezes impossível para certas nações.

Sistema de saúde alemão


Em terras germânicas todos os cidadãos são obrigados ter um seguro de saúde, sendo que grande parte da população é abrangida pelo sistema público, considerado um dos melhores do mundo. 



O sucesso deste sistema de saúde deve-se em grande parte ao elevado número de camas de cuidados intensivos que existem por cada milhar de habitantes, permitindo desta forma acolher todos os cidadãos que necessitam de tratamento hospitalar.

Antes do início da pandemia, a Alemanha, tinha ao dispor da população cerca de 28 mil camas de cuidados intensivos, número este que aumentou nos últimos tempos para cerca de 50 mil. Não obstante, a este aumento do número de camas com ventiladores, o governo alemão decidiu ainda contruir um novo hospital, com capacidade para atender cerca de mil pacientes.


Rápida resposta


Para ter sucesso na contenção de uma epidemia, mais do que ter bons hospitais e conseguir testar muitas pessoas, é necessário existir uma rápida resposta por parte dos governos. Este é um dos fatores mais importantes e que antevê como irá evoluir a propagação do surto nos próximos dias, num determinado local. 
Se notarmos, países que responderam de forma rápida a este novo desafio, conseguiram controlar a epidemia de forma muito mais eficaz do que aqueles que não o fizeram. 
A Alemanha, foi um dos países que mais rapidamente conseguiu responder aos desafios impostos por este novo coranavírus, aplicando medidas desde o dia em que foi detetado o primeiro caso positivo em território germânico.


Proteção Social


O coronavírus, colocou a maior parte da população mundial em isolamento e com isto muitas empresas e até mesmo empregados, já sentem nas suas carteiras o peso desta terrível pandemia.


Na Alemanha, de forma a evitar perdas financeiras substanciais, o governo decidiu aprovar um super pacote orçamental no valor de mais de 750 mil milhões de euros para proteger as empresas e seus empregados desta terrível pandemia. Estas medidas vão permitir, que grande parte dos trabalhadores possam estar em casa sem precisarem de arriscar a sua saúde para irem para os seus locais de trabalho.


O que se conclui?


Para terminar o artigo de hoje, concluimos que uma boa organização é fulcral, para o sucesso ao combate a uma epidemia. No entanto, é necessário também fazer alguns investimentos a longo prazo e investir frequente na saúde e na construção de novos hospitais, pois só assim é possível responder a esta e a outras epidemias que possam vir a aparecer.

Obrigado,
Miguel Tavares

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Como é que são feitos os testes à COVID-19?

Em primeiro lugar, é necessário referir como já todos sabem, este vírus é transmitido através de pequenas gotículas resultantes de espirros e tosse de indivíduos infetados. Este pode também ser transmitido através do contacto com superfícies infetadas e posterior contacto com os olhos, ou as vias aéreas.



Assim, após o vírus entrar no organismo, este vai procurar localizar-se em certos recetores localizados no nariz e na garganta de modo a poder multiplicar-se. Posteriormente, o organismo começará, a certa altura a produzir anticorpos (que permitem a deteção do coronavírus).
Quanto aos testes feitos ao covid-19, sabe-se da existência de dois tipos de testes:
Teste de deteção de ácidos nucleicos do SARS-CoV-19
Testes de deteção de proteínas do SARS-CoV-19 por imunocromatografia:
Na deteção de ácidos nucleicos, referentes ao vírus, a colheita é feita através de uma zaragatoa que é inserida durante cerca de 30 segundos na cavidade nasal. De seguida é levada para laboratório, onde é sintetizada uma cadeia de ADN através de uma reação, que permite através de uma outra reação detetar e quantificar o vírus. Este processo tem uma duração entre 3 a 6 horas.

Na deteção das proteínas referentes ao coronavírus, a colheita é realizada por meios serológicos, isto é, através da análise ao sangue. Este tipo de testes têm a vantagem de poderem ser realizados no local e, principalmente de terem uma duração até 60 minutos.


No entanto, este tipo de testes, é realizado somente em indivíduos cuja fase aguda e de convalescença do vírus tiver sido há 4 semanas.
Daqui conclui-se que é fundamental realizar testes em massa na população. Contudo, deve existir um equilíbrio na quantidade de testes feitos, pois estes testes só detetam por vezes os anticorpos referentes à infeção vários dias após a infeção. Deste modo, se houver muitos testes com um “Falso negativo”, a população terá uma falsa sensação de segurança, que se irá traduzir num maior incentivo à irresponsabilidade social.

Obrigado,
Rodrigo Santos

domingo, 26 de abril de 2020

25 de Abril

Ontem, celebrou-se-se o 25 de Abril, dia em que o povo português readquiriu a sua liberdade da ditadura que durou quase 50 anos.
             O dia de ontem foi celebrado de uma forma diferente devido às circunstâncias de isolamento social em que nos encontramos. Curioso, o Dia da Liberdade celebrado em pleno estado de emergência, num momento em que estamos privados de algumas liberdades. Ontem não se viram os habituais desfiles e manifestações que levam milhares às ruas da capital e do resto do país.


Foto: LUSA
Na Assembleia da República, a habitual cerimónia que contava com todos os deputados, as mais altas figuras do estado e da presidência e as centenas de convidados nas galerias teve de ser adaptada consoante a situação que vivemos. Contou com apenas um total de 100 pessoas seguindo as direções da Direção Geral da Saúde.

             Existiram vozes críticas à realização da cerimónia, vindas das bancadas mais a direita. O CDS e o Chega assumiram que a cerimónia não se deveria realizar com o deputado João Almeida do CDS a pedir que "haja coerência no discurso das entidades públicas". "Não se pode proibir a celebração da Páscoa, mantendo a celebração do 25 de Abril, que desrespeita no parlamento tudo aquilo que são as normas que as entidades públicas recomendam" 
             Acrescenta: "é fundamental que estejam à altura do momento e que não demos sinais errados para não comprometer o sucesso que todos queremos atingir".
             Contudo, a proposta para a realização acabou por ser aceite com a maioria da assembleia a não se opor à realização.


Foto: LUSA
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no seu discurso à nação focou-se na importância desta celebração como um símbolo de um Portugal livre sendo que este dia não podia deixar descer celebrado: 



"É precisamente em tempos excecionais que se impõe evocar o que constitui mais do que um costume ou ritual, o que é manifestamente essencial", "Em tempos excecionais de dor, de sofrimento, de luto, separação, de confinamento, a que mais importa evocar: a pátria, a independência, a república, a liberdade e a democracia".

Assumindo-se um defensor da celebração deste dia, mas em diferentes moldes. "Evocar o 25 de Abril é falar deste tempo, não é ignora-lo. Invocar o 25 de Abril é combater a crise na saúde e a crise social. Invocar o 25 de Abril é chorar os mortos".

"Esta sessão é um bom e não um mau exemplo. O que seria verdadeiramente incompreensível e civicamente vergonhoso era haver todo um país a viver este tempo de sacrifício e de entrega e a Assembleia da República demitir-se de exercer todos os seus poderes numa situação em que eles eram e, são, mais do que nunca, imprescindíveis.

"Deixar de evocar o 25 de Abril no tempo em que ele porventura mais está a ser posto à prova nos últimos 46 anos seria um absurdo cívico".

Marcelo assume a sua inquestionável convicção que a cerimónia tinha de ser realizada, assim como o 10 de Junho e 1 de Dezembro serão de igual forma celebrados, São datas que significam o que é ser português e não poderão ser de qualquer forma esquecidas.

Os portugueses que quiseram celebrar este marco importante na história do nosso país tiveram de se adaptar. A grande maioria assinalou o seu contributo a cantar a irónica canção "Grândola Vila Morena" de Zeca Afonso nas varandas das suas casas quando eram 15h.


Fotos: António Cotrim/LUSA
Foto: Fernando Araújo/LUSA
De todos estes grandes momentos de sentimento patriota, um destacou-se. 

Foto: José Sena Goulão/ LUSA
             Este senhor desfilou sozinho toda a avenida da Liberdade de bandeira hasteada. Esta que será uma das fotos do ano, adquire um significado especial face às dificuldades que hoje vivemos e que se agravarão devido à crise que se instalará. Porém, não podemos baixar os braços! Não podemos desanimar, não podemos desistir, não podemos ficar parados, temos de sair à sua, ser produtivos de alguma forma, sermos empreendedores, consumirmos produtos portugueses, apostar não que é nosso, apostar em nós. Só assim será tudo mais fácil. 
Ultrapassaremos as adversidades, somos Portugal!

É inquestionável que o 25 de abril é um marco de esperança, porém as opiniões divergem quanto ao caminho que esta revolução levou Portugal. Vejam o que o Miguel Carvalho tem a dizer:

O 25 de abril constituiu um dos marcos fundamentais da afirmação democrática portuguesa e um pilar de importância nuclear na afirmação da soberania individual, da liberdade e desenvolvimento pessoal e intelectual. Figuras como o Capitão Salgueiro Maia ou o Major Otelo Saraiva de Carvalho permanecerão como ícones da Revolução e da História Contemporânea Portuguesa.

Não obstante o seu digno propósito, o 25 de abril é, a meu ver, um movimento frustrado nos seus objetivos.
Atente-se, para o efeito, nos 3 grandes objetivos definidos, nas 3 linhas de orientação preconizadas pela Junta de Salvação Nacional, no rescaldo do golpe de abril. Descolonizar, democratizar, desenvolver. Descolonizar, democratizar, desenvolver. Descolonizar, democratizar, desenvolver.


Retornados das colónias (GLOBAL IMAGENS)
Três palavras reiteradas na altura até à exaustão, mas que falharam rotundamente os projetos que procuraram consubstanciar.
Comecemos pela descolonização. 



Portugal, um nação com uma herança colonial vincada, entrou na embriaguez do movimento descolonizador. Descolonizar a África Portuguesa era inevitável, de facto. Mas o processo que superintendeu essa descolonização foi ultrajante. 
             Não foi acautelado e potenciado o desenvolvimento económico das colónias. A indefinição política resultou na eclosão de violentas guerras civis partidárias, como sucedeu em Angola, por exemplo. A própria segurança da população portuguesa residente no Ultramar foi descurada. O laxismo das autoridades portuguesas na forma como lidaram com o drama dos retornados é mais do que ilustrativo desse facto. Com base neste agregado de circunstâncias, conclui-se que o primeiro objetivo foi completamente desvirtuado. A descolonização portuguesa foi apressada, precipitada e deixou muito a desejar.

             Abordemos agora a questão da democratização. Este ponto parece não abonar muito a favor da minha argumentação. Afinal, foi precisamente o 25 de abril que libertou a nação das amarras de um regime autocrático. Instituiu a liberdade de imprensa, de opinião, de consciência. Corporizou um progresso significativo na emancipação e valorização da mulher. Incrementou a instrução dos portugueses. Desencadeou o início de um processo que culminaria com a adesão de Portugal na União Europeia. Foi um passo decisivo para a nossa inserção nos grandes circuitos de comércio internacional e um “cluster” para o desenvolvimento tecnológico. Instaurou um regime democrático pluripartidário, assente na liberdade de reunião e pensamento. Mas existem democracias e democracias. 


Sessão da Assembleia Nacional, partido único em 1949 (Arquivo AR)

             Na minha ótica, a democracia mais íntegra tem necessariamente de incluir a prestação de contas. Os governantes têm de ser tidos responsáveis perante os governados. E a verdade é que, com o 25 de abril, Portugal saiu de um regime fascista para entrar num regime laxista. Ainda hoje, impera em Portugal uma cultura de total irresponsabilidade política. Podemos pensar na tragédia de Pedrógão, por exemplo. Ou nos escândalos de corrupção de antigos políticos ou de figuras da alta finança. Ou na hipocrisia de todos os políticos que apenas se lembram do subdesenvolvido Interior do país, não enquanto estão no decurso do exercício das suas funções, mas apenas na altura das campanhas eleitorais. Enfim, os exemplos multiplicam-se. A Revolução de abril reconquistou a democracia é certo. Mas que democracia foi recuperada? Uma democracia degenerada, seguramente.

             Por último, o tópico do desenvolvimento. Mesmo sendo um termo muito lato, é lícito afirmar que, desde a Revolução, Portugal enveredou pela via do desenvolvimento social, económico e intelectual. Regra geral, cada um de nós vive melhor hoje comparativamente com os nossos bisavós há 60 anos atrás. 


Quartel do Carmo, 1974

             Cada estudante português domina, em média, uma pluralidade de idiomas. O número de indigentes é reduzido. São menos aqueles que vegetam na pobreza extrema. Dispomos de um sistema de saneamento e infraestruturas desenvolvidos. As grandes metrópoles oferecem uma miríade de serviços e equipamentos diversificados e eficazes na prossecução das necessidades dos portugueses. Permitam-me todavia advogar que o desenvolvimento do país nestas últimas décadas permaneceu muito aquém do esperado.
             Continuamos a ser das nações com a maior carga fiscal da UE. A nossa estrutura económica excessivamente dependente do turismo. O peso do nosso PIB, a nível comunitário, é muito pouco significativo. O rendimento médio dos portugueses permanece aquém do esperado. As nossas forças de segurança cada vez mais desprotegidas. As Forças Armadas carecem de efetivos e investimento. O desenvolvimento existe, é certo. Mas não tem sido cabalmente suficiente para atender quer às necessidades de desenvolvimento nacional quer à grandeza histórico-cultural da nossa bela nação.

O 25 de abril abriu-nos as portas da liberdade e da justiça social. Fez-nos trilhar um caminho que, não obstante, desvirtuou esse propósitos.

Obrigado,
Daniel Branco e Miguel Carvalho

sábado, 25 de abril de 2020

A poluição e o coronavírus

             Nos últimos tempos, muito se tem falado acerca desta terrível pandemia que já privou o mundo de muitas das suas liberdades e colocou em isolamento grande parte da população mundial. As dúvidas, os receios, as tristes e trágicas notícias invadem progressivamente a nossa mente nos últimos dias, mostrando um cenário apenas e só desastroso e infeliz. No entanto, engane-se de quem acha que tudo isto é negativo e que nada houve de positivo ao longo destes tempos, até pelo contrário, muitos dos problemas que algumas sociedades enfrentavam acabaram por melhorar, exemplo disso é a poluição.
             A poluição contrariamente, a muitas outras coisas, tem tido, nestes últimos tempos, os seus primeiros dias “menos maus” e, isto tudo, em consequência do confinamento a que muitas pessoas têm estado sujeitas nesta época. É fácil imaginar o porquê destes índices estarem a reduzir cada vez mais, a cada dia que passa. Apontamos em seguida algumas razões que levaram à diminuição dos índices de poluição nos últimos tempos.

China antes e depois do confinamento
Fonte: NASA

Circulação Rodoviária


             Não é novidade para ninguém o porquê deste ser um dos fatores que contribuiu para a quebra dos índices de poluição nos últimos tempos. Com a população maioritariamente confinada ao isolamento em suas casas o tráfego rodoviário decresceu a pique nas últimas semanas, atingindo dias históricos. 
             A diminuição do número de carros nas estradas, levou ao decréscimo da concentração de dióxido de azoto nas cidades, tal como podemos comprovar através deste gráfico.

Fonte: APA/Público


Setor da Aviação


             Com um mundo cada vez mais globalizado, o setor da aviação tornou-se importante permitindo o transporte de mercadorias e de pessoas entre diversas regiões e países. No entanto, devido a esta pandemia, grande parte dos países encerrou as suas fronteiras e suspendeu diversos voos, levando a quebras substanciais do tráfego de passageiros e de mercadorias um pouco por todo mundo, tal como mostra o seguinte gráfico nos aeroportos portugueses.

Fonte: Flight Radar/Público
             Tal como acontece no setor rodoviário, também no setor da aviação, quanto menor for o número de viagens, menor será a emissão e consequente concentração de gases poluentes, na atmosfera. 
             Estima-se que derivado deste cofinamento a concentração de dióxido de azoto tenha diminuído em cerca de 80% em Lisboa, registando o valor mais baixo neste século.

A diminuição da poluição reduz o risco de contágio


             A poluição todos os anos é responsável pela morte de mais de sete milhões de pessoas, em todo o mundo, ocorrendo a grande parte delas nos países em desenvolvimento. Nestes locais não existem grandes preocupações a nível ambiental, nem mesmo políticas que incitem à redução dos níveis de dióxido de carbono e de azoto na atmosfera.
Fonte: Our Daily Planet

O que se conclui?


             Com base em todos estes argumentos, conclui-se que a redução do tráfego aéreo e automóvel levou à redução substancial dos níveis de dióxido de azoto, durante o tempo de confinamento. Esta atenuação, tal como vimos, foi bastante positiva, uma vez que levou a uma diminuição do número de infeções respiratórias derivadas à concentração excessiva deste gás na atmosfera, aumentando assim a imunidade da sociedade contra as doenças pulmonares, como é o caso do novo coronavírus.

             Para terminar o artigo de hoje, deixo-vos com algumas imagens impressionantes, mostrando os efeitos que o confinamento provocou na melhoria da qualidade do ar nas grandes cidades. (Adnan Abibi/Reuters)

               


Obrigado,
Miguel Tavares




sexta-feira, 24 de abril de 2020

CyberTeam, os hackers que ameaçam um ataque nacional no 25 de Abril

Boa noite a todos os leitores,
Hoje, em vésperas da celebração do Dia da Liberdade, trago-vos um pouco sobre a CyberTeam.

A CyberTeam é constiuída por membros com antecedentes criminais na prática do cibercrime, muitos derivados do grupo Anonymous. É conhecida das autoridades estando referenciada pelo CNCS- Centro Nacional de Cibersegurança.

Os ataques são sempre publicados na sua conta de Twitter @CyberTeamReborn com provas dos alegados ataques.
             O grupo assume-se anti-sistema, fazendo de tudo para lutar contra o modo que a sociedade se organiza nos dias de hoje, desde o sistema político ao social.
             Despertaram o público quando, no dia 13 de abril levaram a cabo um ataque à EDP e à Altice Portugal.


Ataque à EDP e Altice 


             Após o ataque foi noticiado pelos orgãos de comunicação social que tinha sido pedido em resgate de 1580 bitcoins, o equivalente a 9.8 milhões de euros. Caso não houvesse o pagamento em 20 dias, todos os dados seriam tornados públicos. Este pedido não passou de um boato, dado que tanto a CyberTeam como a EDP vieram a negar. 
             Quanto ao ataque à Altice, o grupo alegou que existe "uma falha nas torres de transmissão que permite ver todas as mensagens e ouvir as conversas". Esta afirmação que foi totalmente negada pela Altice que diz que "as consequências foram completamente nulas" e que não existiu uma divulgação dos dados dos clientes. Informação esta novamente negada pelo grupo de hackers numa publicação no Twitter. 





Outros ataques 


             A CyberTeam protagonizou ataques como por exemplo, à Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, ao Sporting Clube de Portugal, ao Sport Lisboa e Benfica sempre com menções a Rui Pinto, à data em prisão preventiva e pedindo a sua libertação bem como contra o estado atual do futebol moderno.
             O ataque à APAF foi depois de se ter conhecido que Rui Pinto iria a julgamento por 90 crimes. A equipa assume-se uma forte apoiante, partilhando várias conteúdos alusivos ao hacker português. 



Presidência da República e partidos políticos


             A CyberTeam foi a responsável pelos ataques informáticos que divulgaram milhares de emails e palavras-passe de entidades públicas como a Presidência da República, a Procuradoria Geral da República, a Segurança Social, Polícia Judiciária bem como de partidos políticos.
             Alguns destes dados foram apanhados através de sites de conteúdo para adultos. Os lesados que muitas vezes usavam os emails institucionais para o registo bem como passwords idênticas para aceder a este tipo de serviço.
             O ataque coincidiu com o início do julgamento do grupo Anonymous Portugal, onde 21 pessoas, incluido o fundador do TugaLeaks, Rui Cruz, são indiciadas de pirataria informática.

Divulgação de rede de pedofilia 


             Em fevereiro, a CyberTeam ficou conhecida a nível internacional por terem invadido sites oficiais de dez cidades do estado brasileiro da Paraíba. Conta o La Repubblica que hackers portugueses e brasileiros usaram estes sites para publicar uma longa lista de sites de pornografia infantil, com o nome, morada e outros dados dos pedófilos que constituíam esta rede.
             Em declarações ao jornal italiano, o líder da CyberTeam desabafa que o objetivo do ataque era obrigar as autoridades a intervir. Porém, não obtiveram qualquer resposta por parte das autoridades competentes.




Ataque 25 de abril 



             Como é observável no tweet do ataque aos servidores da EDP, o grupo deixa um aviso da iminência de um ataque dia 25 de abril.
             Na passada segunda-feira, 20 de abril, fizeram um ataque a dezenas de sites e bancos de dados. Alegadamente possuem informação do Ministério da Administração Interna, Ministério da Saúde, SNS, Portal das Finanças, SNS, Universidade de Lisboa, Crédito Agrícola, Banco BBVA, entre outros. 

(uma nota pessoal)
De notar, o hack do Plano Nacional de Leitura, Portugal Seguro e Voluntários da Leitura também foram hackeados, estes, que se devem, obviamente, enquadrar nos ideais de anti-sistema...

O ataque de dia 20 pode ser uma pequena parte do que poderá acontecer amanhã.
Ninguém pode prever que tipo de ataques assistiremos nem a sua dimensão, resta aguardar e ver se tudo não passa de uma ameaça, algo que este grupo garantiu que não acontecerá.

Fiquem seguros
Obrigado e até breve,

Daniel Branco



quinta-feira, 23 de abril de 2020

Universo ou Multiverso?

Boa noite,
A perspetiva cósmica é o espelho supremo da nossa insignificância.
             Quantas vezes, em longas viagens de avião, ao observar à distância a magnificência de todas aquelas montanhas, rios ou desertos, ficámos assoberbados com a grandeza e magnitude do nosso planeta Terra? Seguramente, muitas. Permitam-me, todavia, assinalar que, na grande ordem cósmica, o planeta Terra, citando Carl Sagan, não passa de um mero “pálido ponto azul”.


Ao longo dos séculos, sucessivas descobertas cósmicas foram, reiterada e repetidamente, despromovendo a nossa auto-imagem. Durante séculos, a Terra era considerada singular do ponto de vista astronómico, até os astrónomos descobrirem que era simplesmente um outro planeta em órbita do Sol. 
Depois pensámos que o Sol era uma estrela única. Estávamos errados mais uma vez. Numa fase ulterior, pensámos que a Via Láctea constituía todo o Universo conhecido, até que, por via de dados observacionais, inferimos e verificámos a existência de cerca de 200 mil milhões de galáxias espalhadas pelo Universo observável.
Hoje, como é fácil presumir que existe apenas um Universo. Todavia, a improbabilidade continuamente reafirmada de algo ser único e a profusão de modernas teorias da cosmologia, exigem que continuemos abertos à maior afronta ao nosso argumento de exclusividade: o multiverso.

             Cumpre, neste âmbito, colocar uma pergunta: advogar a existência de universos paralelos ao nosso será científico? Afinal, com a tecnologia atual, é impossível reunir quaisquer evidências empíricas e observacionais que apontem para a existência de outros universos. 
             O multiverso talvez não seja uma teoria científica válida na aceção supramencionada. Mas é seguramente uma hipótese cosmológica, alicerçada numa evidência teórica fundamental e numa perspetiva lógica da realidade, para além do contributo de uma teoria importante: a Teoria das Cordas.


1. Inflação eterna


             A teoria do Big Bang deixa de fora algo muito importante:o Bang. Revela como o universo progrediu após o Bang. Todavia, não esclarece sobre o que teria forçado o Bang. Esta lacuna foi aparentemente colmatada por uma versão atualizada da teoria do Big Bang- cosmologia inflacionária. O modelo de inflação eterna de Alan Guth e Andrei Linde preconiza que o combustível da inflação inicial prova ser tão eficiente que é virtualmente impossível usá-lo todo. Isto significa que na teoria inflacionária, o Big Bang que desencadeou o nosso universo não é único. Muito pelo contrário. Prevê-se que esse combustível é tão eficiente que não gerou apenas o nosso Big Bang como também poderia ter gerado incontáveis outros Big Bangs. Cada Big Bang, despoletaria o início do seu próprio universo separado. 
             Por inerência, o nosso universo seria apenas um ponto, uma bolha numa estrutura incomensurável, infinito de universos paralelos, cada um com uma diferente constante cosmológica e diferentes leis da Física. Este processo repete-se indefinidamente, ad infinitum.


Foto: Alan Guth e Andrei Linde



2. Princípio de Copérnico


             Subjacente a esta questão do multiverso parece estar, concomitantemente, uma reflexão sobre o próprio contexto da nossa existência.
             Quando examinamos as forças do nosso universo, reparamos que este parece especialmente “afinadas” e propensas ao desenvolvimento de vida inteligente. Basta pensar que se a força nuclear fosse ligeiramente mais fraca, o Sol teria ardido há milhares de milhões de anos. O mesmo se aplica à força da gravidade. Se fosse um pouco mais forte, o Universo teria colapsado sobre si mesmo há milhares de milhões de anos. Este nível de ajuste é transversal a toda a constituição do Universo. Parece que o Cosmos reúne as condições peculiares para propiciar uma vida tão peculiar como a nossa. 
Mas, seremos assim tão especiais?




             Na resposta a esta questão, imperam dois princípios com possibilidades um tanto divergentes. Os defensores acérrimos do Princípio Antrópico advogam que o nosso Universo é tão especial justamente porque foi criado por Deus. Deus, enquanto força primária e criadora concebeu um universo ajustado à nossa existência.
             Como seria de esperar, este argumento tem encontrado resistência. Muitos dos proponentes da teoria do Multiverso, apostam as suas fichas no Princípio de Copérnico. Advogam que a peculiaridade do nosso Universo não é especial mas antes inevitável. Supondo que existe um número infinito de universos, cada um com diferentes leis da física, vivemos no universo que , num espetro infinito de possibilidades, é o mais apropriado à nossa existência.
             A nossa existência, segundo este princípio, deve-se não à sorte ou graça de um Criador, mas antes a uma inevitabilidade algébrica.
             Atualmente, avaliar cientificamente esta possibilidade é simplesmente inexequível, impossível.
Veremos o que a perspetiva cósmica do futuro nos reserva.

Obrigado,
Miguel Carvalho


quarta-feira, 22 de abril de 2020

Petróleo em Nova Iorque atinge valores negativos

Boa noite a todos os leitores,

             O dia 20 de abril fica na história como o primeiro dia em que o petróleo perdeu todo o seu valor e negociou em terreno negativo.
             Devido à pandemia do novo coronavírus registou-se uma queda súbita na procura deixando, desta forma, o mercado repleto de petróleo parado. Isto, aliado ao facto de as notícias que os Estados Unidos não teriam capacidade de armazenamento, causou o pânico nas bolsas.
Abaixo um gráfico da Bloomberg que mostra a dimensão desta quebra.


Fonte: Bloomberg

             Esta perda refere-se às entregas de petróleo que serão feitas em maio, com o West Texas Intermediate, este que serve de referência para o mercado norte-americano. Este que registou uma descida de 55 dólares, fixando-se nos -37 dólares. 

             Por outro lado, o preço do barril de referência para Portugal - o de Brent- registou uma descida, no entanto, nada comparável à da WTI, registando perdas de -7.83% para os 22,07 dólares (9h50).
             Comparativamente às entregas de junho, o barril de Nova Iorque desceu para os 21,60 dólares. A diferença entre maio e junho está a ser a maior da história entre contratos de doidois meses consecutivos.

Bob Yanger, especialista do banco de investimento Mizuho, em declarações à agência Reuters diz que "É um dia histórico. O que significa que não há mais armazenamento disponível e o preço da mercadoria é basicamente inútil". "As empresas não querem o petróleo, como não há onde colocá-lo tem de se literalmente despejá-lo." 
             Finaliza dizendo que "quando é menos de um dólar, estes pagam um dólar para tirá-lo de lá". Podemos então concluir que os produtores estão literalmente a pagar para se livrarem dos seus produtos.

             "Em condições normais seria um estímulo para a economia em todo o mundo significando um acréscimo de 2% no PIB mundial" diz John Kilduff, do fundo de investimento Again Capital LCC.  Porém, com o facto do decréscimo acentuado do consumo de combustível, tem sido catastrófico para os produtores que não conseguem escoar a produção.
             Louise Dickson, analista da Rystad Energy diz que é um momento histórico que demonstra a instabilidade de preços que temos vividos desde março. Sendo que aponta para um facto do mercado ignorar quando o problema do excesso de oferta tornou-se evidente.
             Outro fator de realçar foi o conflito de preços entre a Arábia Saudita e a Rússia que acabou numa trégua no início de Abril decidindo reduzir a produção em cerca de 10 milhões de barris por dia.

O que se conclui?


             A comunidade internacional em conjunto, sabendo a volatilidade dos mercados dado os desafios que tinha pela frente deveria ter tomado medidas de controlo de danos, que minimizassem as consequências da quebra na procura. Esta que assume a dimensão de 30 milhões de barris por dia.
             Não tomando tais medidas chegamos ao ponto de hoje e estima-se que em junho acontecerá o mesmo que assistimos atualmente, são necessárias medidas.

É tudo por hoje, quaisquer dúvidas/sugestões geralfcnp@gmail.com ou através das nossas redes sociais.

Fiquem seguros 
Obrigado e até breve,

Daniel Branco