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quinta-feira, 7 de maio de 2020

"Uma falsa sensação de segurança"

Desde a passada segunda-feira que iniciamos uma nova fase nesta situação pandémica que vivemos.
Começamos a fase de desconfinamento, um regresso gradual à "normalidade". 
Com a pressão da retoma necessária das atividades económicas os países estão a levantar as medidas de contenção contra a COVID-19. 
Segue em seguida o plano para Portugal.

Nesta primeira etapa foram tomadas as seguintes medidas de abertura:

  • comércio de rua com área até 200 m2, livrarias, comércio de automóveis e serviços de higiene pessoal (os cabeleireiros e barbeiros que todos precisavamos)
  • Bibliotecas e arquivos
  • Prática de desportos individuais ao ar livre 
  • Serviços públicos, apenas com marcação prévia 
  • Transportes públicos com 2/3 da sua capacidade total

Foto: Leonardo Negrão/Global Imagens

Numa segunda fase, esta que se iniciará dia 18 de maio:


  • Abertura do comércio de rua até 400 m2 ou partes de lojas até 400 m2
  • Museus, monumentos, salas de exposições e equipamentos culturais de propósito similar 
  • Regresso dos alunos do 11º e 12º ano às disciplinas que realizarão exame nacional/ 2º e 3º anos de cursos profissionais
  • Restaurantes e cafés abrirão com uma lotação de 50%, com esplanadas a funcionar 
A partir do dia 30 de maio:
  • Cerimónias religiosas abertas ao público com as devidas limitações
  • Regresso das competições oficiais da Primeira Liga de futebol, à porta fechada
Na última etapa de desconfinamento:
  • Lojas com área superior a 400m2 e lojas em centros comerciais
  • Cinemas, teatros, salas de espetáculos com lugares marcados
  • Reabertura das Lojas do Cidadão 
  • Teletrabalho parcial


             Para que estas medidas tenham efeito temos de cumprir escrupulosamente as indicações das entidades de saúde. Utilizar máscara em locais com maior aglomeração de pessoas e desinfetar regularmente as mãos.

             Para Adolfo Garcia- Sastre, professor de Medicina e Microbologia do Instituto de Saúde Global Mout Sinai, em Nova Iorque, o regresso à normalidade que nos acostumamos a viver só acontecerá daqui a um ano, com ou sem vacina. "Dentro de um ano poderemos começar a levar uma vida normal. Existirão infeções, no entanto o seu controlo poderá ser feito com maior facilidade."
Acrescenta que "Quando o número de casos começar a diminuir, é importante não cantar vitória e não sairmos todos para a rua, porque é fácil que o vírus volte a atacar.", afirmou em entrevista ao jornal espanhol El País.

Situação de Singapura


             A situação em Singapura pode alertar-nos para que sejam tomadas decisões o mais refletidas e conscientes possíveis quanto ao desconfinamento.
             Muitas vezes elogiada pelo seu excelente trabalho no combate ao novo coronavírus, Singapura, enfrenta agora, uma nova onda do surto. Fronteiras fechadas, testes gratuitos para residentes, escolas mantiveram-se abertas e a economia nunca parou por completo. Porém, nas últimas semanas registaram-se milhares de novos casos no país. Avisos foram feitos com a impossibilidade de manter o equilíbrio entre a economia e a saúde, porém o governo manteve-se firme nas suas convicções.
             Com isto, teve de ser imposto um novo confinamento, que deveria terminar a 4 de maio, mas terá de ser prolongado até o início de junho. Singapura deve servir de exemplo aos países que querem levantar o mais cedo possível as medidas de contenção. Medida esta que pode ter um efeito inverso e ter de se impor uma quarentena forçada durante mais tempo, o que a nível económico será desastroso.

Foto: Evolução Novos Casos de COVID-19 em Singapura (Worldometer)

"Falsa Sensação de Segurança"


Evolução Novos Casos de COVID-19 em Portugal (DGS)

Uma "falsa sensação de segurança" - parece que já ouviram isto em algum lado. Frase utilizada pela nossa Diretora Geral de Saúde aquando da polémica da utilização generalizada de máscara em Portugal. Como observamos no gráfico acima, existe uma descida generalizada do número de novos casos de COVID-19 desde o dia 30 de abril. A explicação usual é estar diretamente ligada com as medidas de confinamento impostas, será mesmo assim? 
Nos dias 6 e 7 registaram-se novos picos de casos registados de COVID-19. 

Evolução de Testes Processados (DGS)
             Uma falsa sensação de segurança é anunciar que os casos estão a baixar, quando a quantidade de testes que está a ser realizada tem sido muito menor. Porque sem testes não há noção da dimensão do vírus no nosso território. Mas poderá também existir uma explicação para o que aconteceu. A diminuição de testes realizados aconteceu-nos dias antes da reunião no Infarmed, que decidiu o abrandamento das medidas de confinamento. Para uma maior análise deste tema recomendo que vejam o "Sexta às 9" do dia 1 de maio clicando aqui.

O que se conclui? 


             Conclui-se assim que temos de fazer a nossa parte para que este vírus não continue a propagar-se. Apesar do fim do Estado de Emergência, não esquecer que estamos em pleno Estado de Calamidade, como o nome indica não é para ser encarado com displicência. Devemos focar-nos apenas em saídas essenciais, evitar aglomerações de pessoas desnecessárias, tentar manter o distanciamento social. Claro que é difícil, tanto tempo sem ver os que mais gostamos e sem ir àqueles lugares que faziam parte de nós, mas temos de pensar que não podemos deitar tudo a perder nesta reta final. 
Cabe a cada um pensar no próximo e agir como tal.
É tudo por hoje, fiquem seguros.

Obrigado e até breve,
Daniel Branco

2 comentários:

  1. O triste é que criam essa falsa sensação para que as pessoas sintam-se mais seguras, pessoas como eu que são obrigadas a sair para rua todos os dias por causa do trabalho,me cuido e estou a cumprir com as regras e vejo as pessoas de grupo de risco não usarem as devidas medidas de segurança, logo coloca pessoas como eu em total risco, que faz com que ao eu retornar para o meu lar, colocar os meus familiares em risco,.... Vais depender da cada um de nós, mas infelizmente a maioria parece que não leva isso a sério, ainda hoje vi um episódio dentro do banco, um senhor já de idade avançada a brigar com todos a dizer que entra onde quer e quando quer sem máscara, o problema não é avida desse senhor, porque o próprio não estima o seu bem estar , o problema é por a nossa vida em risco
    Ricardo Nogueira

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    1. É isto mesmo...
      Cabe a cada um de nós fazer a nossa parte e tentar consciencializar dentro dos possíveis próximo dos perigos associados a este vírus.
      O problema é existirão sempre pessoas como esse senhor...

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