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quarta-feira, 20 de maio de 2020

De doentes assintomáticos até à morte, os diferentes efeitos da COVID-19

No artigo de hoje falo do que pode estar a causar uma resposta diferente do sistema imunitário à COVID-19 quando falamos de doentes sem qualquer sintoma e doentes que têm complicações, muitas que levando à própria morte.
O Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) decidiu aliar-se ao grupo nacional de diagnóstico para a infeção pela COVID-19. Este tem sido uma grande ajuda para o controlo da pandemia em Portugal, nascendo de uma iniciativa da comunidade científica portuguesa, que desenvolve novas ideias de trabalho em busca de respostas sobre este vírus mortal.


Foto: Fundação Calouste Gulbenkian

"Os testes de diagnóstico continuam, fazendo cerca de algumas centenas diariamente, mas a investigação evoluiu para um ponto de vista mais científico" - Carlos Gonçalves, líder do grupo de investigação sobre genética de doenças do IGC
Acrescenta "Queremos saber quais são os fatores genéticos que conduzem a uma doença mais severa ou, por outro lado, assintomática, basicamente a resposta do sistema imunológico de diferentes pessoas".
Esta é uma oportunidade de desenvolver estudos neste campo de forma a abrir caminho a terapias inovadores para os diferentes grupos de doentes.
É possível que daqui a alguns meses haja respostas para algumas destas questões, no entanto, numa fase ainda precoce do tratamento de resultados.


Avaliar os profissionais de saúde 


Após o começo dos testes no IGC, uma das questões primordiais para o estudo das especificidades do novo coronavírus é a possibilidade de acompanhamento dos profissionais de saúde na linha da frente. Surgindo a possibilidade de testar de formar sistemática todo o universo hospitalar.
Foram feita parcerias com os hospitais Amadora-Sintra e o Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (hospitais Egas Moniz, Santa Cruz e São Francisco Xavier).
Esta monitorização é importante, na medida em que contribui para os estudos em questão, bem como para a constante segurança destas equipas de trabalho.

Com este estudo aos profissionais de saúde querem perceber se existe uma taxa de infeção muito mais elevada do que o resto da população, por estarem em contacto com indivíduos infetados e também será feita um levantamento da imunidade, se, em caso de anterior infeção, se o indivíduo conseguiu produzir os anticorpos necessários à eliminação e proteção do vírus.


Vulnerabilidade no ADN 


Cerca de 95% da população infetada, tem apenas sintomas ligeiros, ou é assintomática, porém não existe uma explicação linear para este facto. 5 a 10% dos infetados desenvolvem patologias graves que necessitam de intervenção em meio hospitalar, com recurso a ventilador, sendo que uma parte desta chega mesmo a morrer.
Claro que a maioria são pessoas com mais de 70 anos, com patologias associadas e pessoas de faixa etárias inferiores, porém associadas a doenças crónicas, como a diabetes e problemas cardiovasculares e respiratórios.
E, agora, o caso de pessoas muitos mais jovens e sem problemas de saúde associados que são gravemente afetada com este coronavírus, sendo que a maioria não é tanto pela infeção em si, mas pela resposta do seu sistema imunitário que danifica o organismo e pode levar à morte.
Este será o principal campo de estudo desta equipa de trabalho, que ainda não tem uma explicação categórica para o que acontece. 

"Estas vulnerabilidades, que estão nos genes de cada pessoa, só se manifestam nestes períodos, quando o organismo é posto à prova contra um agente infeccioso novo" - Carlos Gonçalves 

"Temos variações genéticas que estão na base destas diferenças e é isso que queremos estudar" afirma Jocelyne Demengeot, virologista do IGC

Foto: Gerardo Santos/Global Imagens

Processo infeccioso 


Coronavírus utiliza uma proteína chamada S como chave para entrar nas células humanas e aí iniciar o processo de infeção. Depois, a proteína liga-se a recetores que existem nas células, chamados de ACE2, abrindo assim a porta celular ao vírus.
O sistema imunitário reconhecendo a presença de agentes nocivos começa a trabalhar, utilizando outras células para o fazer. Estes processo são reguladores por genes, que não está todos identificados.

"Vamos estudar os genes que regulas os recetores ACE2 e os que codificam a resposta imunológica de forma a identificar as variantes genéticas que possam estar associadas a uma maior e menor suscetibilidade à doença."




O interferão é um mecanismo que a equipa quer estudar em melhor detalhe. É uma resposta inata, regulada geneticamente e é produzido pelas células quando elas são infetadas por um vírus com via a atrasar o seu processo de infeção.

Aquando das eqipdemias anteriores de coronavírus, a SARS e MERS, observou-se igualmente respostas severas do sistema imunitário. Os estudos feitos na altura, indicaram que, porém, o interferão não era decisivo neste processo, acabando por não se chegar a nenhuma conclusão devido ao controlo das epidemias e consequente corte dos fundos para a investigação destas.


Angariação de fundos 


Apesar de ser apoiada pela Fundação Gulbenkian, este processo é custoso também em termos financeiros, por isso já existe uma campanha de angariação de fundos para reforçar o projeto de avaliação dos profissionais de saúde para a COVID-19.

Fiquem seguros
Obrigado pela atenção e até breve,

Daniel Branco

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